Novo golpe no pluralismo da imprensa na Hungria

Logo de rádio da oposição Klubradio na sede da estação em Budapeste, Hungria, 9 Fev. 2021

Há mais de uma década, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o seu partido no poder, Fidesz, têm trabalhado de forma diligente para aumentar o controlo dos meios de comunicação públicos e da imprensa independente.

Através do uso de dinheiro para publicidade do Governo, encerramentos e compras de meios de comunicação por terceiras pessoas, o Governo húngaro eliminou a maioria das notícias e comentários desfavoráveis. Em 2018, cerca de 500 meios de comunicação foram incluídos na Fundação para a Imprensa e Mídia da Europa Central (KESMA), um grupo liderado por pessoas próximas ao partido Fidesz.

Em Março do ano passado, um aliado do Fidesz comprou 50 por cento da empresa que gere a publicidade da Index, na época a agência de notícias online líder do mercado da Hungria. Em Julho, o editor-chefe do Index foi exonerado, levando a demissões em massa na agência. Então, em Setembro, a agência governamental responsável pela supervisão da imprensa não renovou a licença da última grande estação de rádio comercial independente, Klubrádió, especializada em notícias e entrevistas. Tanto Index quanto Klubrádió foram críticos do Governo. Klubrádió recorreu contra a decisão na Justiça, mas a 9 de Fevereiro um juiz decidiu contra a estação de rádio. O Klubrádió saiu do ar no dia 14 de Fevereiro, embora ainda possa transmitir pela internet.

“Nos últimos anos, o Conselho de Mídia controlado pelo Fidesz e o Governo bloquearam, uma por uma, todas as vias restantes para que Klubrádió permanecesse no ar quando a sua renovação foi rejeitada por decisões politicamente motivadas”, disse Griffen Scott, director do Instituto da Imprensa Internacional. “O resultado foi que, quando finalmente chegou o momento de renovar a licença de Klubrádió, o seu destino estava praticamente selado”, reiterou Scott.

Os Estados Unidos estão “profundamente preocupados com o declínio do pluralismo na imprensa na Hungria”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em comunicado. “Os Estados Unidos compartilham as preocupações dos defensores da liberdade de imprensa internacional e de muitos húngaros sobre o declínio do pluralismo na imprensa no país”, continua Price.

“Os Estados Unidos acreditam que uma diversidade de vozes e opiniões independentes é essencial para a democracia e instamos o Governo da Hungria a promover um ambiente de liberdade de imprensa. Os Estados Unidos estão empenhados em fortalecer a sua parceria com a Hungria, um aliado da NATO, e em promover o compromisso do Governo Biden em apoiar as instituições democráticas, os direitos humanos e o Estado de Direito”, conclui o comunicado.