Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com o impasse político em curso no Haiti, a falta de responsabilização pelas violações dos direitos humanos e a deterioração das condições de segurança. Esta foi a mensagem que a representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, transmitiu ao Presidente haitiano, Jovenel Moise, num encontro recente.
A embaixadora Thomas-Greenfield destacoiu que os preparativos para o referendo constitucional agendado para 27 de Junho no Haiti não foram suficientemente transparentes ou inclusivos, e ela repetiu que o país deve realizar eleições legislativas e presidenciais livres, justas e transparentes em 2021. Ela ressaltou que o povo haitiano tem o direito de escolher os seus líderes e um Governo que o sirva.
Num discurso a membros da diáspora haitiana, Julie Chung, a secretária de Estado Adjunta do Bureau de Assuntos do Hemisfério Ocidental, enfatizou que a democracia representativa só funciona se as pessoas puderem exercer regularmente o seu direito de eleger os seus líderes. No Haiti, as eleições legislativas que deveriam ter sido realizadas em 2019 estão muito atrasadas. O resultado tem sido um poder executivo sem controlo desde Janeiro de 2020, sem separação de poderes e sem meios de responsabilização
“A democracia do Haiti não pode continuar assim”, disse a secretária de Estado Adjunto interina, Chung. “Acreditamos que as eleições legislativas são a forma democrática de acabar com um Governo por decretoe as eleições presidenciais são necessárias para transferir o poder pacificamente de um líder eleito democraticamente a outro”.
A secretária de Estado Adjunta interina, Chung, reconheceu que o Haiti enfrenta muitos desafios e que nenhuma eleição pode ser "o encanto mágico que cura todos os problemas do Haiti". Mas, ela enfatizou, “isso não diminui o facto de que o Haiti precisa urgentemente de consistência democrática e de instituições que sirvam ao povo ... A prosperidade simplesmente não pode ser alcançada quando as regras fundamentais da democracia são manipuladas ou ignoradas. A criação e a preservação de processos e de estruturas democráticas fortes são defesas de longo prazo contra a ditadura, o partidarismo e a ganância. Sem estabilidade e o império da lei, o Haiti terá muitas dificuldades para atrair investimentos estrangeiros directos e manter os seus melhores quadros”.
A secretária de Estado Adjunta interina, Chung notou, que os Estados Unidos forneceram bilhões de dólares em desenvolvimento e assistência humanitária para as necessidades do povo haitiano. No passado mês de Janeiro, os EUA anunciaram mais 75,5 milhões de dólares para a governação democrática e o desenvolvimento agrícola. “Mas o nosso investimento no povo do Haiti”, disse ela, “só terá sucesso se os haitianos também investirem na sua própria governação democrática”.