No início de Novembro do ano passado, após meses de uma escalada de tensões, uma guerra irrompeu entre o Governo etíope e a Frente de Libertação do Povo Tigray na região norte do país, na província do Tigray. Unidades armadas da região vizinha de Amhara e Forças de Defesa da Eritreia, logo se juntaram ao lado do Governo etíope.
No final do mesmo mês, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz, declarou vitória depois que as forças armadas da Etiópia entraram na capital regional, Mekele.
No entanto, as forças da Etiópia, as forças de Amhara e as forças da Eritreia permanecem em Tigray, mas a sua conduta, assim como a de outros grupos armados, incluindo a Frente de Libertação do Povo Tigray, é tudo menos pacífica, de acordo com as Nações Unidas e a Amnistia Internacional.
“A conduta das Forças de Defesa da Eritreia e das forças regionais de Amhara foi particularmente grave”, disse o secretário de Estado Antony Blinken em comunicado. “Há muitos relatos confiáveis de que as forças armadas em Tigray cometeram actos de violência contra civis, incluindo violência de género e outros abusos e atrocidades dos direitos humanos”.
Ainda mais preocupante é o facto de que as tropas da Eritreia e outros actores armados bloqueiam e mesmo roubam a ajuda humanitária destinada à população civil de Tigray. Dos seis milhões de habitantes da região, 5,2 milhões precisam de ajuda, principalmente de alimentos. As Nações Unidas disseram que “dos três milhões de pessoas que necessitavam de abrigo de emergência e itens não alimentares, apenas 347 mil pessoas, ou seja, cerca de 12 por cento, foram alcançadas desde 3 de Maio”.
“Os Estados Unidos estão seriamente preocupados com o número crescente de casos confirmados de bloqueio da ajuda humnitária por parte das forças de segurança a determinadas regiões de Tigray”, sublinhou o secretário Antony Blinken.
“Os Estados Unidos conclamam inequivocamente os Governos da Eritreia e da Etiópia a tomarem todas as medidas necessárias para garantir que as suas forças em Tigray cessem e desistam dessa conduta condenável. Também apelamos novamente a todas as partes para que cumpram as suas obrigações de acordo com o Direito Internacional Humanitário, incluindo aquelas relevantes para a protecção de civis, cessem imediatamente todas as hostilidades e permitam que o alívio chegue aos que sofrem e que mais precisam de assistência”, disse o secretário de Estado.
“Também instamos o Governo da Etiópia a retirar as forças regionais de Amhara da região de Tigray e a garantir que o controlo efectivo do oeste de Tigray seja devolvido ao Governo de Transição de Tigray. O primeiro-ministro Abiy e o presidente [da Eritreia] Isaias [Afwerki] devem responsabilizar todos os responsáveis pelas atrocidades”, concluiu o secretário de Estado Antony Blinken.